“Entre canibais
não nascem Espíritos já adiantados, mas Espíritos da natureza dos canibais, ou
ainda inferiores aos destes.”
Sabemos que os nossos antropófagos não se acham no
último degrau da escala espiritual e que mundos há onde a bruteza e a
ferocidade não têm analogia na Terra. Os Espíritos que aí encarnam são,
portanto, inferiores aos mais ínfimos que no nosso mundo encarnam. Para eles,
pois, nascer entre os nossos selvagens representa um progresso, como progresso
seria, para os antropófagos terrenos, exercerem entre nós uma profissão que os
obrigasse a fazer correr sangue. Não podem pôr mais alto suas vistas, porque
sua inferioridade moral não lhes permite compreender maior progresso. O
Espírito só gradativamente avança. Não lhe é dado transpor de um salto a
distância que da civilização separa a barbárie e é esta uma das razões que nos
mostram ser necessária a reencarnação, que verdadeiramente corresponde à
justiça de Deus. De outro modo, que seria desses milhões de criaturas que todos
os dias morrem na maior degradação, se não tivessem meios de alcançar a
superioridade? Por que os privaria Deus dos favores concedidos aos outros
homens?
272. Poderá
dar-se que Espíritos vindos de um mundo inferior à Terra, ou de um povo muito
atrasado, como os canibais, por exemplo, nasçam no seio de povos civilizados?
“Pode. Alguns há
que se extraviam, por quererem subir muito alto. Mas, nesse caso, ficam
deslocados no meio em que nasceram, por estarem seus costumes e instintos em
conflito com os dos outros homens.”
Tais seres nos oferecem o triste espetáculo da
ferocidade dentro da civilização. Voltando para o meio dos canibais, não sofrem
uma degradação; apenas volvem ao lugar que lhes é próprio e com isso talvez até
ganhem.
273. Será
possível que um homem de raça civilizada reencarne, por expiação, numa raça de
selvagens?
“É; mas depende
do gênero de expiação. Um senhor, que tenha sido de grande crueldade para os
seus escravos, poderá, por sua vez, tornar-se escravo e sofrer os maus tratos
que infligiu a seus semelhantes. Um, que em certa época exerceu o mando, pode,
em nova existência, ter que obedecer aos que se curvaram ante a sua vontade.
Ser-lhe-á isso uma expiação, que Deus lhe imponha, se ele abusou do seu poder.
Também um bom Espírito pode querer encarnar no seio daquelas raças, ocupando
posição influente, para fazê-las progredir. Em tal caso, desempenha uma missão.”
(Livro: “O Livro
dos Espíritos”, Allan Kardec, editora FEB, Parte 2ª – Capítulo VI, Da Vida
Espírita, Escolha das Provas)
14. Entretanto,
nem todos os Espíritos que encarnam na Terra vão para aí em expiação. As raças
a que chamais selvagens são formadas de Espíritos que apenas saíram da infância
e que na Terra se acham, por assim dizer, em curso de educação, para se
desenvolverem pelo contato com Espíritos mais adiantados. Vêm depois as raças
semicivilizadas, constituídas desses mesmos Espíritos em via de progresso. São
elas, de certo modo, raças indígenas da Terra, que aí se elevaram pouco a pouco
em longos períodos seculares, algumas das quais hão podido chegar ao
aperfeiçoamento intelectual dos povos mais esclarecidos.
Os Espíritos em
expiação, se nos podemos exprimir dessa forma, são exóticos, na Terra; já
viveram noutros mundos, donde foram excluídos em conseqüência da sua obstinação
no mal e por se haverem constituído, em tais mundos, causa de perturbação para
os bons. Tiveram de ser degredados, por algum tempo, para o meio de Espíritos
mais atrasados, com a missão de fazer que estes últimos avançassem, pois que
levam consigo inteligências desenvolvidas e o gérmen dos conhecimentos que
adquiriram. Daí vem que os Espíritos em punição se encontram no seio das raças
mais inteligentes. Por isso mesmo, para essas raças é que de mais amargor se
revestem os infortúnios da vida. É que há nelas mais sensibilidade, sendo,
portanto, mais provadas pelas contrariedades e desgostos do que as raças
primitivas, cujo senso moral se acha mais embotado.
(Livro: “O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan
Kardec, editora FEB, capítulo III, Há muitas moradas na casa de meu Pai, Mundos
de expiações e de provas)
Fraternalmente,
Refletindo o Espiritismo
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